sábado, 25 de junho de 2011

Francesco Petrarca / Liszt

"Sonetto 104 [Soneto a Laura]

Pace non trovo, e non ho da far guerra;
E temo e spero, ed ardo e son un ghiaccio;
E volo sopra 'l cielo e giaccio in terra;
E nullo stringo, e tutto il mondo abbraccio.

Tal m'ha in prigion, che non m'apre, né serra;
Né per suo mi riten, né scioglie il laccio;
E non m'ancide Amor, e non mi sferra;
Né mi vuol vivo, né mi trae d'impaccio.

Veggio senz' occhi; e non ho lingua e grido,
E bramo di perir, e cheggio aita;
Ed ho in odio me stesso ed amo altrui:

Pascomi di dolor, piangendo rido;
Equalmente mi spiace morte e vita:
In questo stato son, Donna, per Vui."

(in Canzoniere)


"Soneto 104

Não encontro paz, e não me interessa a guerra,
E temo e espero, e ardo e sou gelo;
E voo sobre o céu, jazendo na terra;
E nada retenho, e todo o mundo abraço.

De tal modo estou aprisionado, que não me abro nem fecho;
Nem me reténs nem desatas o laço;
E nem me matas, Amor, nem me desarmas;
Nem me queres vivo nem te incomodo;

Vejo sem olhos; não tenho língua, embora eu grite,
Desejo perecer e, contudo, suplico ajuda;
E me odeio, amando os outros;

Nutro-me de dor, chorando rio;
Para mim, são igualmente irrelevantes morte e vida:
Estou neste estado, Amada, por Ti."

(trad. joão monteiro)


Franz Liszt (1811-1886), compositor húngaro, escreveu três peças para piano (também há canções originais) baseadas nos Sonetos n. 47, 104 e 123 de Francesco Petrarca (1304-1374), que integram a seguda série (Itália) do ciclo de obras intitulado "Anos de Peregrinação".

imagem: "Petrarca e Laura", obra de Nicaise de Keyser (1813-1887)

Sonetto 104 del Petrarca (por Alfred Brendel):


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