sábado, 28 de janeiro de 2012

Franz Schubert (2)

Improviso op. 90, n. 3





[Vladimir Horowitz, piano]

Franz Schubert

Wanderer, Fantasia op. 15
(2º movimento)





[Alfred Brendel, piano]

Mercedes Sosa

Gracias a la vida


Lucía Ceresani

Las dos aves
[Domingo Berho - Beto Ruidíaz]





(Una bella golondrina
que ya estaba de regreso,
conversó con la calandria
que se posaba en un cerco):
...
- Siempre libre en el otoño,
en este lugar te dejo
y al volver en primavera
aquí mismito te encuentro.

En esa horqueta naciste
y se te ha pasado el tiempo,
volando entre los corrales
del palo del esquinero.

En esa horqueta naciste
y allí nacerán tus nietos,
y te morirás de vieja
sin conocer pago ajeno.

Yo en cambio conozco el mundo
y mil horizontes bellos,
pa' mí el agosto es verano
como es verano en enero.
...
(Calló aquí la golondrina,
y aprovechando el suspenso;
se desató la calandria
razonando en un gorjeo):

- Es verdad que he de morirme
sin conocer pago ajeno,
pero sin embargo es fama
que no acepto el cautiverio.

A mí me tienen envidia
los zorzales y el jilguero,
porque invento melodías
y ellos repiten su acento.

He visto temblar el rancho
azotao por el pampero,
y puedo hablar de las penas
del gaucho que vive adentro.

Lo que no aprendí en las huellas
me lo ha enseñado el silencio,
y vos nunca meditaste
por conocer pagos nuevos.

No copiaste ni una nota
de los mares y los vientos,
vas de verano en verano
siempre cantando lo mesmo.

Andá nomás golondrina
que tu suerte no envideo,
y aunque conocés el mundo
no conocés el invierno.
...
Yo no se cuál de las aves
habló con más fundamento,
pero qué lindo sería
ser las dos a un mismo tiempo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eduardo Coutinho (2)

Edifício Master




Depoimento de Daniela, no memorável documentário (2002) de Eduardo Coutinho.
(récita do poema Opium dreams)

Anedotas vulgares romenas (2)

**

- É normal as mulheres viverem mais que os homens.
- Sim, principalmente as viúvas.

**

- Alô! Delegacia? Venham rápido! Um gato entrou em minha casa!
- Mas, senhora, isso não é motivo para socorro.
- Senhora não, sou um papagaio!

**

- Há sapatos de cobra?
- Claro! Quanto calça a serpente?

**

- Este é o retrato do meu bisavô.
- Extraordinário! Nem parece muito mais velho que você!

**

- Fico feliz por ver-te abstêmio. Até te vi ontem à noite no teatro!
- Ah! Então... foi para lá que eu fui!

**

- Você espera alguém, senhora?
- Qualquer um.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Eduardo Coutinho

Edifício Master




Depoimento de Henrique, no memorável documentário (2002) de Eduardo Coutinho.

Cláudio Feldman

símbolo


o tamanduá-bandeira
animal patriota
tem língua de meio metro
que não fala
mas apanha formigas



(in photoprovinciais, editora taturana, 2011)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Luiza Neto Jorge (5)

PRIMEIRO POEMA PARA A NOITE INVARIÁVEL

Posso estar aqui
eu posso estar aqui perfeitamente pobre
um círio me acendi espora aguda
o vento ritmo negro assassinou-o

posso estar aqui
- o musgo é lento como a sombra -
e sei de cor a voz cegas das canções
(viola de silência acorda-me)

que eu posso estar aqui perfeitamente pedra
insone
e um longo segredo impessoal
bordando a minha solidão

(in poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001)

Luiza Neto Jorge (4)

RITUAL

a jarra tombou
a água correu sobre a mesa

as flores calaram-se aos poucos
o espantalho tocou o acordeão

a criança cansou-se do vento
desatou as sandálias

o mar meditou duas vezes
qual o horizonte

do sótão a galinha presa
viu um avião voar

uns quantos vestiram-se de negro
viveram da morte dos outros

suicidou-se uma sombra
debaixo do meu pé

a mulher calçou-se de branco
para a ressurreição

o país desbotou
no mapa das escolas

amor que esperas de mim
a não ser eu

(in poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Anedotas vulgares romenas

**

- Fiz este bolo com a receita que ouvi no rádio.
- Não funciona mais direito, vivo te dizendo para trocarmos de aparelho.

**

- Doutor, sofro de complexo de inferioridade! Vivo atormentada pelo fato de não parecer tão bela como sou na realidade.

**

- Procuro um presente para uma senhorita.
- Muito bem. Já pensou em algo?
- Claro! Por essa razão estou aqui.

**

- Você se reconciliou com sua mulher, verdade? Outro dia, eu os vi cortando madeira juntos no quintal!
- Imagine só! Estávamos apenas partilhando os móveis!

Jorge Fandermole (2)




Solo
como al aclarar está el lucero,
como el ojo pálido del cielo
va girando en la órbita lunar.

Solo
como el primer hombre de la tierra,
como el último lobo de Inglaterra,
como el viejo más viejo del lugar.

Solo
como uno va hilando sus ensueños,
como el monstruo que sobrevivió un milenio
y se esconde en una gruta bajo el mar.

Solo
como el que tiene la virtud del mago,
como el que conduce un pueblo hacia el estrago
mientras imagina la felicidad.

Solo
como el esclavo solo bajo el yugo,
como la conciencia del verdugo
o el único beso del traidor.

Solo
como un grandioso golpe de la suerte,
como cada uno frente a su propia muerte,
solo como un ángel exterminador.

Solo
como un dios que niegan sus criaturas,
como el que dio color a su locura
y pintó los cuervos y el trigal.

Solo
como está en su mundo cada muerto,
como la voz que calla en el desierto,
como el que dijo siempre la verdad.

Solo
como el que logra ver todo muy claro,
solo como la atenta luz de un faro
o el último minuto del alcohol.

Solo
como este mismo instante que se pierde,
como el único que ha visto el rayo verde
cuando se cayó el último sol.

Solo
como el que desentraña algún presagio,
como el único vivo del naufragio,
como todo el que pierde la razón.

Solo
como el que se extravió sin darse cuenta,
como un ave ciega en la tormenta,
así estoy en le mundo sin tu amor.

Solo
como si fuese un animal eterno
clavado en la puerta del infierno,
así estoy en el mundo sin tu amor.

Maurício Segall (2)

ÓXIDO

Tenho ciúme do teu universo
que não é minha residência

tenho inveja do espelho
que te desperta todo dia

tenho ciúme
como ignorar esta ferrugem?

(in Dos bastidores à ribalta, Iluminuras, São Paulo, 2002)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Italo Calvino

L'avventura di un fotografo

"(...)
Il passo tra la realtà che viene fotografata in quanto ci appare bella e la realtà che ci appare bella in quanto è stata fotografata, è brevissimo. Se fotografate Pierluca mentre fa il castello di sabbia, non c'è ragione di non fotografarlo mentre piange perché il castello è crollato, e poi mentre la bambinaia lo consola facendogli trovare in mezzo alla sabbia un guscio di conchiglia. Basta che cominciate a dire di qualcosa: 'Ah che bello, bisognerebbe proprio fotografarlo' e già siete sul terreno di chi pensa che tutto ciò che non è fotografato è perduto, che è come se non fosse esistito, e che quindi per vivere veramente bisogna fotografare quanto più si può, e per fotografare quanto più si può bisogna: o vivere in modo quanto più fotografabile possibile, oppure considerare fotografabile ogni momento della propria vita. La prima via porta alla stupidità, la seconda alla pazzia."
...

A aventura de um fotógrafo

"(...)
É minúscula a distância entre a realidade que é fotografada porque aparenta ser bela e a realidade que aparenta ser bela porque é fotografada. Se fotografarem Pierluca construindo seu castelo de areia, não há razão para deixá-lo de fotografar quando o castelo desmorona, e ainda em seguida, quando a babá o consola buscando conchinhas na areia. Basta que diga acerca de algo: 'Ai, que lindo, merece uma foto!' e pronto, já estará no terreno de quem pensa que se perde tudo aquilo que não for fotografado, que seria como se não houvesse existido, e que apenas se vive realmente quando fotografamos tudo aquilo que podemos, e para fotografar tudo é necessário: ou viver de modo mais fotografável possível, ou então considerar fotografável todos os momentos da própria vida. O primeiro caminho conduz à estupidez, o segundo, à loucura."

(in Gli amori difficili, Oscar Mondadori, Milão, 2010)

Lucian Blaga (5)

Inscripţie pe-o casă nouă

Toate stau la locul lor,
stă păianjenul în plasă
că-ntr-o lume de mătasă.
Nu-l încearcă nici un dor
din ocolul lui să iasă.

Toate stau la locul lor:
piatră, floare şi ulcior,
vatră şi amnar şi iască.
Asta-i legea tuturor:
zări să-şi facă din pridvor,
să se simtă bine-acasă.

(1962)


Inscrição em uma casa nova

Está tudo em seu lugar;
a teia, bem arrumada:
seda no mundo enredada.
Ânsia alguma quer deixar
a cerca em que está guardada.

Está tudo em seu lugar:
Flores, pedra e alguidar,
lareira, vigas e brasa.
Esta é a lei de terra e ar:
surja a aurora no pomar,
seja bem acomodada.

(1962)

(in A grande travessia, trad. Caetano Waldrigues Galindo, Ed. UnB, Brasília, 2005)

Wilson Bueno (2)

O Peso do Ser

Voando com algum esforço pelo roseiral cheio de galhos e espinhos, o Colibri queixou-se à Borboleta:

- Como eu gostaria de ser como você, Borboleta. Seria tão mais fácil sugar o néctar das rosas... Só voejando pra lá e pra cá, aonde desse o vento...
- Você diz isso porque não sabe o duro que é ser por longuíssimo tempo uma vagarosa, peluda e repugnante lagarta...


(in Cachorros do Céu, São Paulo, Editora Planeta, 2005)