segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Homenagem a Eduardo Coutinho no CineSesc

Eduardo Coutinho, 07 de outubro

Falecido em 2 de fevereiro deste ano, Eduardo Coutinho recebe homenagem com a exibição de filme dirigido por Carlos Nader.
 
Em Eduardo Coutinho, 07 de outubro (2013), é o documentarista quem ocupa a posição que ele sempre provocou com genialidade: a de entrevistado.

Imperdível!  

EXIBIÇÃO PRORROGADA: quarta e quinta, às 14h (confirmar o horário), no CineSesc de São Paulo (Rua Augusta, 2075), com entrada franca. 
 
 

Amigo é pra essas coisas

Aldir Blanc / Sílvio da Silva Jr.
(MPB 4 canta)

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Dias de Campo Belo

 
Com drama­turgia e direção de William Costa Lima, Dias de Campo Belo propõe uma investigação das relações e do universo masculino.
 
O projeto conta com a supervisão artística de Luís Fernando Marques, do Grupo XIX de Teatro, e teve sua pré-estreia na mostra Fringe, do Festival de Teatro de Curitiba 2009.












 

Dias de Campo Belo conta a história de uma jornada interior, um passeio pelas memórias e pelos sonhos de personagens masculinos que, por al­guns instantes, tentam modificar o curso de sua existência e colocar em relevo tudo o que passou despercebido. Entre as estações e lugares que o espetáculo percorre, o carnaval é uma delas.

http://torneado.blogspot.com.br
 
Dias e horários: Terças-feiras às 21h (11, 18, 25 de fevereiro e 04 de março). Quarta-feira, 5 de março, às 21h.
Onde: Espaço Parlapatões
Praça Franklin Roosevelt, n. 158, São Paulo/SP
(11) 3258-4449
Capacidade: 99 lugares. Aceita dinheiro, cheque e cartão. Acesso universal.
Valor do Ingresso: R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)
Classificação indicativa: 14 anos
 
Texto produzido pela Direção do espetáculo.
Foto: Beatriz Barros.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Silvio Rodríguez (2)

¿A dónde van?
[letra e música: Silvio Rodríguez]



Adónde van las palabras
que no se quedaron?
adónde van las miradas
que un día partieron
acaso flotan eternas
como prisioneras de un ventarrón
o se acurrucan entre las rendijas
buscando calor.

Acaso ruedan entre los cristales
cual gotas de lluvia que quieren pasar
acaso nunca vuelven a ser algo?
acaso se van
y adónde van
adónde van?

En que estarán convertidos
mis viejos zapatos
adónde fueron a dar
tantas hojas de un árbol
por dónde están las angustias
que desde tus ojos rodaron por mí
adónde fueron mis palabras sucias
de sangre de abril.

Adónde van ahora mismo estos cuerpos
que pueden nunca dejar de alumbrar
acaso nunca
vuelven a ser algo?
acaso se van
y adónde van
adónde van?

Adónde va lo común
lo de todos los días
el descalzarse en la puerta
la mano amiga
adónde va la sorpresa
casi cotidiana del atardecer
adónde va el mantel de la mesa
el café de ayer.

Adónde van los pequeños
terribles encantos que tiene el hogar
acaso nunca vuelven a ser algo?
acaso se van y adónde van
adónde van?

Silvio Rodríguez

Ya no te espero
(1969)
[letra e música: Silvio Rodríguez]


Ya no te espero.
Llegarás, pero más fuerte;
más violenta la corriente
dibujándose en el suelo
de mi pecho, de mis dedos.
Llegarás con mucha muerte.

Ya no te espero.
Ya eché abajo ayer mis puertas:
las ventanas bien despiertas
al viento y al aguacero,
a la selva, al sol, al fuego.
Llegarás a casa abierta.

Ya no te espero.
Ya es el tiempo que fascina:
ya es bendición que camina
a manos del desespero:
ya es bestia de los potreros
saltando a quien la domina.

Ya no te espero.
Ya estoy regresando solo
de los tiempos venideros:
ya he besado cada plomo
con que mato y con que muero:
ya se cuándo, quién y cómo.

Ya no te espero.
Ya he liberado a tu patria,
hija de una espera larga:
y hay un primero de enero
que funda a sus compañeros
con la sed de mi garganta.

Ya no te espero.
Porque de esperarte hay odio
en una noche de novios,
en los hábitos del cielo,
en madre de un hijo ciego:
ya soy ángel del demonio.

F. Chopin (Noturno póstumo)


Chopin, Noturno n. 20 (op. posth.)
W. Szpilman, piano

Mário de Sá-Carneiro


Eu não sou eu nem sou o outro,

Sou qualquer coisa de intermédio:

Pilar da ponte de tédio

Que vai de mim para o Outro.


(Lisboa, fevereiro de 1914)

Wisława Szymborska (7)


Sou quem sou.
Inconcebível acaso
como todos os acasos.

Fossem outros
os meus antepassados
e de outro ninho
eu voaria
ou de sob outro tronco
coberta de escamas eu rastejaria.

No guarda-roupas da natureza
há trajes de sobra.
O traje da aranha, da gaivota, do rato do campo.
Cada um cai como uma luva
e é usado sem reclamar
até se gastar.

Eu também não tive escolha
mas não me queixo.
Poderia ter sido alguém
muito menos individual.
Alguém do formigueiro, do cardume, zunindo no enxame,
uma fatia de paisagem fustigada pelo vento.

Alguém muito menos feliz,
criado para uso da pele,
para a mesa da festa,
algo que nada debaixo da lente.

Uma árvore presa à terra
da qual se aproxima o fogo.

Uma palha esmagada
pela marcha de inconcebíveis eventos.

Um sujeito com uma negra sina
que para os outros se ilumina.

E se eu despertasse nas pessoas o medo,
ou só aversão,
ou só pena?

Se eu não tivesse nascido
na tribo adequada
e diante de mim se fechassem os caminhos?

A sorte até agora
me tem sido favorável.

Poderia não me ser dada
a lembrança dos bons momentos.

Poderia me ser tirada
a propensão para comparações.

Poderia ser eu mesma – mas sem espanto,
e isso significaria
alguém totalmente diferente. 

(in poemas, trad. Regina Przybycien, São Paulo, Companhia das Letras, 2011)

Emily Dickinson (13)


Because my Brook is fluent
I know 'tis dry
Because my Brook is silent
It is the Sea –   

And startled at its rising
I try to flee
To where the Strong assure me
Is "no more Sea" – 

*
  
Se o meu Riacho é fluente
Há de secar – 
Se o meu Riacho é silente
Ele é o Mar – 

Que cresce. Em meu espanto
Tento escapar
Para um (dizem que existe) Canto
Onde "não há Mar" – 

(in Não sou ninguém - poemas, trad. Augusto de Campos, Ed. Unicamp, 2009)

Emily Dickinson (12)


The Opening and the Close
Of Being, are alike
Or differ, if they do,
As Bloom upon a Stalk.

That from an equal Seed
Unto an equal Bud
Go parallel, perfected
In that they have decayed.

(c. 1865)

*

O Abrir e o Fechar
Do Ser é igual e
Desigual, se o for,
À Flor no Caule.

Que de mesma Semente
Vão, em igual Botão,
Paralelos, perfeitos
No que já não são.

(in Não sou ninguém - poemas, trad. Augusto de Campos, Ed. Unicamp, 2009)E

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O Girador (teatro)


 
O Girador é um dos mais recentes trabalhos do coletivo "o Pequeno Teatro de Torneado", com dramaturgia e direção de William Costa Lima e a colaboração dos atores criadores Beatriz Barros e Bruno Lourenço. Criado a partir de um processo de reflexão sobre a própria trajetória do grupo.
 
O Girador é uma história sobre amadurecimento, memórias e perdas. Passa-se num depósito de achados e perdidos criados por um casal de ex-artistas circenses: Perpétuo e Armena. Com o passar do tempo, o casal envelhece e os objetos se acumulam a seu redor. A história é contada pelas filhas do casal. Filhas que tiveram o amor dos pais negligenciado durante a vida inteira. Existe um estreita relação entre os objetos perdidos e as memórias das personagens, que, por momentos, servem para estarrecer, assombrar, divertir ou até mesmo consolar aqueles que compartilham dessas histórias.
(texto formulado pela Direção do espetáculo)
 
IMPERDÍVEL!
Texto com elaborado grau poético. Atuações talentosas. Inteiração (leve) com a plateia que permite um "mergulho" no drama: o público senta-se no palco e é provocado por perguntas escritas.    
 
OBSERVAÇÃO: a peça, que estava prevista para as terças-feiras de fevereiro, foi substituída, em razão de força maior, por outra peça do repertório do coletivo "o Pequeno Teatro de Torneado": Dias de Campo Belo.
 


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Luiz Ariston Dantas


CONGRATULAÇÕES


Ela passava fugidia.
Parabéns, chefe! foi falado,
Todos olhamos e sorrimos,
Uns levantaram-se das mesas,
A conquista é merecida,
Disse outro e eu desfrutava
De um momento em que se comprazem
Sinceridade e hipocrisia.

Sinceridade e hipocrisia:
Simpatia. Muito obrigada,
Mas todos nós a construímos.
Não que somar duas fraquezas,
Vieses da visão da vida,
A crença mais não desagrava:
Pensamento e razão nos trazem
Realidade ou fantasia?

Realidade e fantasia,
Mais dois opostos conjuntados?!
Zenão, por que me desanimo?
Roubar do tirano a surpresa
Em haver a língua cuspida
Que o torturado desencrava
Com seus dentes, aos que se aprazem,
Só o sucesso sentencia.

Só o sucesso sentencia.
Nosso time é de resultado.
O alarme traiu, existimos.
Simulação [que sutileza!]
De incêndio. A brigada, a batida,
Fui ao banheiro, alguém cagava.
À vez, os que contrafazem
Descansam da pedagogia.

(in A vida não é plena, coleção poesia viva, São Paulo: CCSP edições, 2014)