sábado, 3 de março de 2012

Giuseppe Ungaretti (3)

Canto quinto

Hai chiuso gli occhi.

Nasce una notte
Piena di finte buche,
Di suoni morti
Come di sugheri
Di reti calate nell'acqua.

Le tue mani si fanno come un soffio
D'inviolabili lontananze,
Inafferrabili come le idee,

E l'equivoco della luna
E il dondolio, dolcissimi,
Se vuoi posarmele sugli occhi,
Toccano l'anima.

Sei la donna che passa
Come una foglia

E lasci agli alberi un fuoco d'autunno.

...

Canto quinto

Fechaste os olhos.

Brota a noite
Repleta de fendas impossíveis,
De sonhos mortos
Como sobreiros
De redes lançadas à água.

Suas mãos são sopro
Acenam distâncias inatingíveis
Como as ideias.

E o equívoco da lua
E seu balanço, tão doces,
Se quiseres que eu os fite,
Tocarão minha alma.

És a mulher que passa
Como a folha

E ardem as árvores um fogo de outono.


(trad. joão monteiro)

(in Vita d'un uomo, Milano: Mondadori, 2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário