sábado, 31 de março de 2012

Giselle Vianna

Arranha-céus

Fosse a solidão uma cama nua
violada pelo nada-sopro
de um ventilador de teto
– não arranha-céus à distância
de uma braçada; não,
não chafarizes lado a lado
lançando-se aos ares e recolhendo
sobre si suas gotas. Fosse
o amor um abrir de braços.
Mas eis sobre meu leito a carne
e o osso de teu corpo-memória; eis –
no vão entre tábuas de madeira – o calibre
do tempo
arranhando, exasperado, o assoalho.

(in interpeles, Campinas: Komedi, 2008)

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