sexta-feira, 17 de maio de 2013

Emil Cioran (5)

 
Sinto-me como um maratonista que, de repente, abandonando a prova, põe-se a meditar sobre a corrida.
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Quando nos tornamos obcecados por nossas infâncias, é possível dizer, a partir de então, que a jornada está cumprida.  
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O que se costuma denominar "requinte" é, na verdade, status de precariedade.
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Uma das coisas mais importantes na vida é encontrar o diapasão e, assim, sentir a frequência da alma.
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A tristeza da compreensão – eis o maior desespero de um escritor.
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Um escritor respeitável teme o sucesso, não o cobiça.
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O elo mais profundo entre os seres é exprimível pela música.
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Um homem de virtude seria, a princípio, um homem desprovido de ambições.
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A metafísica corresponde à busca de respostas para justificar o que chamamos de instinto.
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Com o passar do tempo, é normal que nos habituemos ao abandono, usufruindo de todas as suas possibilidades com alegria. Ridículo seria sofrer por isso, em vez de compreender a plenitude do momento.
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A verdadeira elegância moral é a arte de mascarar conquistas como tropeços.
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De todas as formas de monotonia, a pior é a afirmação.
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Entre "misticismo" e "niilismo" há diferença lexical apenas, ou seja, a vivência do "nada" pressupõe uma ordem mística.

(Cadernos I e II, prefácio de Simone Boué. Bucareste: Humanitas, 2010)

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