domingo, 30 de outubro de 2011

Mario Quintana

O AUTO-RETRATO

No retrato que me faço
− traço a traço −
Às vezes me pinto nuvem,
Às vezes me pinto árvore...

Às vezes me pinto coisas
De que nem há mais lembranças...
Ou coisas que não existem
Mas que um dia existirão...

E, desta lida, em que busco
− pouco a pouco −
Minha eterna semelhança,

No final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!


(in Os melhores poemas de Mario Quintana, seleção Fausto Cunha, São Paulo, Global, 2002)

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