sábado, 28 de julho de 2012

Rainer Maria Rilke

 Soneto a Orfeu n. IX/I
 
Só quem a lira ao sol-pôr
já ousou dedilhar
pode o infinito louvor
sentir e cantar.

Só quem ousou comer, já,
a papoula com
os mortos – não perderá
mais o suave tom.

E se o reflexo no lago
a imagem contorna,
só ele a descobre.

Nesse reino dúbio e vago,
toda voz se torna
imortal e nobre.


(in Poemas / Rainer Maria Rilke, trad. Geir Campos, editora Luzes no Asfalto, São Paulo, 2010)


Nenhum comentário:

Postar um comentário