EROS
Cego?
Não: livre.
Tão livre que não te importa
a direção da seta.
Alado? Irradiante.
Feridas multiplicadas
nascidas de um só
abismo.
Disseminas pólens e aromas.
És talvez a
primavera?
Supremamente livre
– violento –
não és estátua: és pureza
oferta.
Que forma te conteria?
Tuas setas armam
o mundo
enquanto – aberto – és abismo
inflamadamente vivo.
(Helianto, 1973)
(in Poesia reunida, São Paulo: Cosac Naify, Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006)
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