segunda-feira, 23 de abril de 2012

Orides Fontela (5)

EROS

Cego?
Não: livre.
Tão livre que não te importa
a direção da seta.

Alado? Irradiante.
Feridas multiplicadas
nascidas de um só
                                 abismo.

Disseminas pólens e aromas.
És talvez a
                             primavera?
Supremamente livre
              – violento –
não és estátua: és pureza
                                  oferta.

Que forma te conteria?
Tuas setas armam
                               o mundo
enquanto – aberto – és abismo
              inflamadamente vivo.


(Helianto, 1973)
(in Poesia reunida, São Paulo: Cosac Naify, Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006)

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