Soneto a Orfeu n. IX/I
Só quem a lira ao sol-pôr
já ousou dedilhar
pode o infinito louvor
sentir e cantar.
Só quem ousou comer, já,
a papoula com
os mortos – não perderá
mais o suave tom.
E se o reflexo no lago
a imagem contorna,
só ele a descobre.
Nesse reino dúbio e vago,
toda voz se torna
imortal e nobre.
(in Poemas / Rainer Maria Rilke, trad. Geir Campos, editora Luzes no Asfalto, São Paulo, 2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário