quarta-feira, 2 de abril de 2014
Carlos Frias de Carvalho (6)
boca de orvalho
matas-me a sede
mas logo me abrasas
com a água que trazes
na boca de orvalho
*
o coração é fogo e água
o coração é fogo e água
ao mesmo tempo
- o sal que fica
depois do vento
*
lugar da água
não molhaste o chão que piso
ou pela areia te sumiste
sem deixares nenhum sinal
nalgum verso subterrâneo
hás-de ter o teu lugar
ou uma linha passageira
no deserto é tão exíguo
tanto o corpo como o olhar
e o grito é só poeira
*
argânia
cresço
como a argânia
na fundura
desmesuradamente
em tua busca
*
divina luz
divina luz
por que te escondes
na funda pedra
antes do fogo
(in luz da água, coleção arcádia, Lisboa : Babel, 2010)
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