quarta-feira, 5 de março de 2014
Luiza Neto Jorge (6)
O ÊXODO
I
Ninguém duas vezes passa o rio
porque os rios se afastam para morrer
ou, correndo nós,
vivemos, disséssemos,
com os rios morrendo.
E com o nível posto
na baixa altura da nascente
incorressem os vivos e
corressem os mares que não
se ajuntam mais, na mesma igualdade,
longínqua.
II
Dentro de dias morre
mais alguém
para o hermético triunfo
das paisagens.
Então os sítios vão
subindo
povoam-se e entreolham-se
desencantam-se.
A órbita apodrece
descrê-se o sol.
(in poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001)
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